Pouco se discute sobre o lugar ou o melhor método para lidar
com as crianças em nossas reuniões e é realmente muito bom nos prepararmos para
isso academicamente, pois não é justo com as nossas crianças que os pastores e
líderes estejam despreparados para servi-los e assim não atenderem às suas
necessidades durante a infância.
Ouvi muitos líderes dizerem que as crianças serão a Igreja
de amanhã, mas isso não deveria significar que elas não são a Igreja de hoje e
que não necessitam de atenção, o que ocorre de fato é que muitos líderes de
Igrejas entregam os cuidados das crianças a pessoas despreparadas e não
acompanham o programa da igreja local para as crianças. Não acredito que seja
por desprezo, mas por despreparo de nossas lideranças.
As crianças serão a Igreja de amanhã somente se forem bem
cuidadas, ministradas com toda diligência e devidamente pastoreadas como todas
as outras “ovelhas do rebanho”. Para tanto, precisamos de líderes que entendam
que as crianças são a Igreja de hoje e são também servos, adoradores e
ministradores como os demais membros.
Crianças sempre estiveram envolvidas nas liturgias das
Cerimônias no Antigo Israel, por exemplo, no livro de Êxodo 12:24-27, com a
orientação para os Israelitas de que quando as crianças perguntassem sobre o
motivo da celebração do Pessah, eles deveriam explicar sobre o livramento dos primogênitos
dos Hebreus e a morte dos primogênitos dos Egípcios e assim a tradição oral
seria passada de geração a geração e eles assim o fizeram.
Elas podem ter o seu espaço na reunião como os demais
membros, pois muitos pensam que as crianças não são capazes de trazer um
versículo para meditação, atuar ou apresentar uma dança com a devida
competência, cantar ou tocar instrumentos com excelência, ajudar na limpeza, no
acolhimento de convidados e tantos outros trabalhos como qualquer outro membro.
Existe é claro uma diferença muito grande entre as
capacidades de cada criança, assim como entre os adultos, pois não se pode
esperar que um membro recém-chegado a comunidade de fé explique um texto
bíblico da mesma maneira que um membro mais antigo, formado em Teologia e com
certa experiência em ensinar. Logo uma criança que cresce participando dos
cultos e desenvolve as habilidades necessárias deve ter também a oportunidade
de participar de maneira ativa. Cito o exemplo de Samuel que desde criança
serviu no Templo ministrando diante do Senhor. (1 Sm 2:18).
Qual a melhor maneira de organizarmos os nossos cultos
pensando nos resultados decorrentes desta estratégia?
Ramos (2008, p.79) orienta os líderes a elaborarem um culto
inclusivo em que as crianças possam participar inclusive da mensagem e que esta
seja de possível compreensão, para elas, além dos momentos de oferta, adoração
e demais sacramentos para que cresçam compreendendo que participam do corpo e
não tenham a impressão de que nunca foram bem vindas à nave da Igreja. Isso é
possível, mas a aplicação prática é um grande desafio para nós que ainda
precisamos evoluir como Igreja para produzirmos esse resultado e por isso
acredito que perdurará o modelo em que parte do culto, por ser de difícil
compreensão para as crianças, pois não são capazes de ficar quietos por horas
ouvindo sermões e mesmo que fiquem quietos por obediência não compreenderão a
mensagem, sendo assim, elas receberão atenção em outro espaço, não porque
queremos “nos livrar delas”, mas porque elas precisam de atenção e de uma
ministração que possam compreender e guardar em seus corações desde pequenos e
infelizmente a Igreja Cristã Brasileira em geral não está pronta para fazê-lo
como sugere o autor.
Um caminho viável é a elaboração de um culto semanal, mensal
ou ao menos esporádico em que a dinâmica seja pensada prioritariamente para
crianças e que os adultos possam cultuar junto com elas e desfrutar daqueles
momentos com os filhos e serem ministrados de maneira simples e objetiva, com
músicas cristãs de teor mais pedagógico e com muitas ilustrações, encenações,
animações etc.
As crianças também devem ser evangelizadas, pois não devemos
pensar apenas em como lidar com nossas crianças, mas podemos atrair a atenção de
outras crianças e fazê-las sentirem-se a vontade em nosso meio promovendo
eventos com brincadeiras e apresentações voltadas para elas. Evangelização não
é somente para adultos e devemos encher os nossos cultos de crianças conforme
as palavras de Jesus: “Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o
Reino dos céus pertence aos que se tornam semelhantes a elas.” (Mt 19:14).
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