10 de dez. de 2018

O que faremos com as crianças?


Pouco se discute sobre o lugar ou o melhor método para lidar com as crianças em nossas reuniões e é realmente muito bom nos prepararmos para isso academicamente, pois não é justo com as nossas crianças que os pastores e líderes estejam despreparados para servi-los e assim não atenderem às suas necessidades durante a infância.

Ouvi muitos líderes dizerem que as crianças serão a Igreja de amanhã, mas isso não deveria significar que elas não são a Igreja de hoje e que não necessitam de atenção, o que ocorre de fato é que muitos líderes de Igrejas entregam os cuidados das crianças a pessoas despreparadas e não acompanham o programa da igreja local para as crianças. Não acredito que seja por desprezo, mas por despreparo de nossas lideranças.

As crianças serão a Igreja de amanhã somente se forem bem cuidadas, ministradas com toda diligência e devidamente pastoreadas como todas as outras “ovelhas do rebanho”. Para tanto, precisamos de líderes que entendam que as crianças são a Igreja de hoje e são também servos, adoradores e ministradores como os demais membros.

Crianças sempre estiveram envolvidas nas liturgias das Cerimônias no Antigo Israel, por exemplo, no livro de Êxodo 12:24-27, com a orientação para os Israelitas de que quando as crianças perguntassem sobre o motivo da celebração do Pessah, eles deveriam explicar sobre o livramento dos primogênitos dos Hebreus e a morte dos primogênitos dos Egípcios e assim a tradição oral seria passada de geração a geração e eles assim o fizeram.

Elas podem ter o seu espaço na reunião como os demais membros, pois muitos pensam que as crianças não são capazes de trazer um versículo para meditação, atuar ou apresentar uma dança com a devida competência, cantar ou tocar instrumentos com excelência, ajudar na limpeza, no acolhimento de convidados e tantos outros trabalhos como qualquer outro membro.

Existe é claro uma diferença muito grande entre as capacidades de cada criança, assim como entre os adultos, pois não se pode esperar que um membro recém-chegado a comunidade de fé explique um texto bíblico da mesma maneira que um membro mais antigo, formado em Teologia e com certa experiência em ensinar. Logo uma criança que cresce participando dos cultos e desenvolve as habilidades necessárias deve ter também a oportunidade de participar de maneira ativa. Cito o exemplo de Samuel que desde criança serviu no Templo ministrando diante do Senhor. (1 Sm 2:18).
Qual a melhor maneira de organizarmos os nossos cultos pensando nos resultados decorrentes desta estratégia?

Ramos (2008, p.79) orienta os líderes a elaborarem um culto inclusivo em que as crianças possam participar inclusive da mensagem e que esta seja de possível compreensão, para elas, além dos momentos de oferta, adoração e demais sacramentos para que cresçam compreendendo que participam do corpo e não tenham a impressão de que nunca foram bem vindas à nave da Igreja. Isso é possível, mas a aplicação prática é um grande desafio para nós que ainda precisamos evoluir como Igreja para produzirmos esse resultado e por isso acredito que perdurará o modelo em que parte do culto, por ser de difícil compreensão para as crianças, pois não são capazes de ficar quietos por horas ouvindo sermões e mesmo que fiquem quietos por obediência não compreenderão a mensagem, sendo assim, elas receberão atenção em outro espaço, não porque queremos “nos livrar delas”, mas porque elas precisam de atenção e de uma ministração que possam compreender e guardar em seus corações desde pequenos e infelizmente a Igreja Cristã Brasileira em geral não está pronta para fazê-lo como sugere o autor.

Um caminho viável é a elaboração de um culto semanal, mensal ou ao menos esporádico em que a dinâmica seja pensada prioritariamente para crianças e que os adultos possam cultuar junto com elas e desfrutar daqueles momentos com os filhos e serem ministrados de maneira simples e objetiva, com músicas cristãs de teor mais pedagógico e com muitas ilustrações, encenações, animações etc.

As crianças também devem ser evangelizadas, pois não devemos pensar apenas em como lidar com nossas crianças, mas podemos atrair a atenção de outras crianças e fazê-las sentirem-se a vontade em nosso meio promovendo eventos com brincadeiras e apresentações voltadas para elas. Evangelização não é somente para adultos e devemos encher os nossos cultos de crianças conforme as palavras de Jesus: “Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o Reino dos céus pertence aos que se tornam semelhantes a elas.” (Mt 19:14).

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