28 de dez. de 2018

Profecias, a perspectiva do Antigo Testamento e a perspectiva atual


Os profetas do Antigo Testamento ousavam enfrentar toda uma nação e pagar o preço que fosse necessário para anunciar as Palavras do Eterno.

Isaias fazia previsões apocalípticas e pregava sobre o juízo com profecias fúnebres sobre os destinatários.

Jeremias era engajado nas questões sociais, não usava abstrações ou generalizações para denunciar os abusos dos ricos, pois os identificava e assim se tornou adversário de toda uma classe de líderes e religiosos em Israel. Ele experimentou o ódio do rei e descrédito de seus pares profetas em um jogo de inversões no qual ele era taxado de falso profeta porque profetizava a verdade, a ruína do povo, enquanto os falsos profetas agradavam o rei e se mantinham confortáveis em suas posições na corte, mas sendo falsos profetas, enganavam-se uns aos outros.

No cativeiro da Babilônia, Ezequiel revelou suas memórias, anunciou a revelação divina do Eterno enquanto vivia entre escravos e usando a ironia profetizou sobre a queda da Babilônia. Sua profecia era de restauração de Israel, utilizava simbologias usando o reino animal e fazia lamentações fúnebres.

 O ministério dos profetas no Antigo Testamento mantinha as tribos unidas, um tanto civilizadas e a convivência era facilitada por esse agente social encarregado de proclamar a vontade de Deus. Essas proclamações e todo o cuidado do profeta com o povo era feito por meio das profecias, fossem elas orais ou escritas.

O mistério de profetizar o que acontecerá no futuro era creditado a Deus caso se cumprisse a profecia e assim o profeta era confirmado como verdadeiro se sua profecia fosse verdadeira, mas caso a profecia não se cumprisse o profeta passaria a ser considerado um falso profeta por sua profecia ser falsa e a origem da profecia era atribuída a ele mesmo. 

Hoje em dia pessoas se dizem profetas ou adivinhos, mas caso suas palavras não se cumpram elas alegam que “Deus mudou de ideia”. Por isso há muitos que desacreditam da profecia na atualidade.
Pessoas são manipuladas por falsos profetas ou falsas profecias, tomam decisões muito importantes e arcam com consequências das mais diversas, como falência nos negócios, relacionamentos e até casamentos precipitados, trabalho sacerdotal sem vocação entre outros.

Vertentes teológicas não acreditam na profecia na atualidade, assim como não acreditam no milagre da cura e da glossolalia por exemplo. Pautam-se na crença de que somente as escrituras sagradas são a revelação do Eterno e não é necessário qualquer adicional, considerando tais fenômenos puramente humanos e não espirituais.

Outras correntes afirmam que o dom de profetizar continua vivo e serve para a edificação da Igreja. Essa afirmação está de acordo com os escritos do Novo Testamento, mais precisamente do Apóstolo Paulo, mas tem sido subvertida e utilizada para autopromoção e também para massagear os egos de pessoas carentes e muitas vezes sem qualquer outra esperança se não na busca pela manifestação do sobrenatural.

Atualmente a profecia normalmente não é feita de maneira negativa, principalmente por que vivemos numa era de incessante busca pelo bem estar e pela promoção pessoal e a ultima coisa que as pessoas querem é fazer inimigos poderosos.

Outra forma de se observar a profecia em nossos dias é pela ótica positivista de que devemos determinar algo com fé e autoridade, dando a essa atitude também o nome de profecia, mas quando não ocorre conforme a “determinação” a alegação varia entre a de que “não era a vontade de Deus” ou a de que “faltou fé”. Em todo caso a origem é humana e a profecia, apesar de não poder chamar de charlatanismo, classificaria como uma péssima escolha de nome, pois na verdade é um equivoco teológico chama-la de profecia, pois se trata de uma oração com fé. Concluindo esse ponto sobre profetizar com fé acrescento que a exemplo dos profetas do Antigo Testamento uma profecia é a vontade de Deus revelada aos homens e não a vontade dos homens revelada a Deus, pois isso, novamente, se chama oração.

Há muitos outros perigos na atualidade como, por exemplo, anunciar a própria Palavra de Deus revelada nas escrituras, o que contraria muitos segmentos da sociedade e suas práticas, além disso, em muitos países as escrituras são proibidas de serem anunciadas e muitos cristãos padecem por isso.

Os profetas da atualidade são os homens e mulheres que não temem a morte e anunciam a Palavra, por amor a Deus, abrindo mão do próprio bem estar e nunca, em hipótese alguma, se deixam levar pelos agrados desta vida para fazer “profecias agradáveis” aos reis. 

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