23 de out. de 2020

O desafio para os pastores no século XXI

Ao refletirmos sobre os desafios para os pastores do século XXI nos deparamos com o cenário desfavorável, em parte devido posturas inadequadas de pastores que cometeram seus erros como qualquer ser humano, mas que infelizmente suas falhas são expostas para todos enquanto muito mais líderes fizeram um trabalho exemplar, mas suas histórias são desconhecidas do grande público e seus feitos em meio a tanto sacrifício são esquecidos. Isso ocorre porque a sociedade em geral criou certa resistência à religião e aos assuntos que dizem respeito ao além, post mortem, ao etéreo, imaterial. É uma sociedade materialista, impaciente, que exige resposta rápida e que escolhe seus conteúdos em poucos cliques. 

Segundo “Fisher (1999) o cenário é de crise no ministério pastoral, pois as comunidades nas quais os pastores trabalham já não valorizam mais o empenho, assim como a sociedade já não respeita mais a Igreja e o ministério pastoral como antigamente. Os pastores prestam um serviço para um mundo que já não o deseja mais. Pastores são um anacronismo em meio a uma cultura secular. Até os membros das Igrejas estranham seus pastores”. 

Esse cenário somado ao desgaste emocional que os pastores naturalmente sofreriam por lidar com pessoas e as pressões em liderar e administrar suas congregações têm refletido de maneira extremamente negativa e as notícias que temos conhecimento são de pastores desistindo do ministério, sofrendo com depressão e até mesmo recorrendo ao suicídio. Um problema que precisamos enfrentar de olhos abertos e sabendo diferenciar os casos de doenças crônicas devido problemas puramente biológicos como distúrbios mentais entre os casos motivados por situações de stress e falta de assistência. 

Conforme pesquisa no Instituto Francis Schaeffer, 71% dos pastores sofrem com depressão e esgotamento semanalmente ou diariamente. 75% dos pastores sentem que são incompetentes e/ou mal treinados por seus seminários para liderar e gerenciar a Igreja ou para aconselhar os outros. Isto deixou-os desanimados em sua capacidade de pastor. A pesquisa ainda aponta que 1500 pastores deixam o ministério a cada mês devido ao fracasso moral, esgotamento espiritual ou algum conflito em suas igrejas. 

O Livro o Monge e o Executivo, “Hunter (1998), conta a história de líderes que se reúnem para conversar sobre uma boa liderança e em certo diálogo é retratado o perfil ideal de um líder para a atualidade, dentre as características estão a honestidade, confiabilidade, o bom exemplo, cuidados, compromisso, ser um bom ouvinte, tratar as pessoas com respeito, encorajar, ter uma atitude positiva e gostar de estar com pessoas, ainda nesse diálogo um líder religioso afirma que se não for dessa forma não será possível manter a sua congregação unida a ele.” 

Essas características são admiráveis e a pessoa com tais atributos certamente terá uma grande quantidade de pessoas à sua volta e dispostas a segui-la. De outra forma, se apoiando em hierarquias de instituições, argumentos como o de que é um “ungido do Senhor”, apelos emocionais ou manipulação, as pessoas simplesmente se vão na expectativa de seguir alguém melhor e não é de surpreender que possam encontrar alguém melhor preparado, mais admirável, no entanto, não perfeitos. Não podemos exigir dos pastores perfeição, assim como os pastores não devem exigir de seus liderados perfeição. Enfim são apenas pessoas, mas todos nós somos capazes de observar quem está se esforçando para tonar-se uma pessoa melhor e quem simplesmente não faz questão. 

Não significa que a receita bíblica esteja em desuso, significa que uma releitura para a atualidade é necessária além de estar conforme Primeira Timóteo três, versículos de um a sete: 

Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo. 

Numa sociedade em que a informação e os conteúdos estão circulando tão rápida e livremente é praticamente impossível conter a debandada de pessoas de instituições retrogradas e limitadas. Ao passo em que Igrejas tradicionais, conservadoras e indispostas para o diálogo se esvaziam, outras Igrejas sob lideranças atualizadas, melhor preparadas e menos engessadas estão lotadas e precisando fazer rodízios em suas reuniões, pois de outra forma não comportariam o número de membros em suas comunidades.

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