23 de ago. de 2018

 “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta”
Tiago 2:26

Alguém pode dizer então que há uma contradição entre o texto do irmão do Mestre e toda a crença monergista fundamentada nas epístolas paulinas, compreendida nos escritos de Agostinho e posteriormente defendida por João Calvino.

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.”
Efésios 2:8

Rejeitando qualquer crença sinergista de que nós, seres humanos, temos algum mérito em nossas decisões benignas, compreendemos que o dom da Fé, é somente concedido por Deus, por sua graça.

Podemos afirmar que os textos de Tiago 2:26 e Efésios 2:8 não se contradizem, mas se encontram, e compreendemos a incontestável manifestação do poder e da salvação do Senhor Deus Todo Poderoso na atitude de fé, ou seja, obediência, vislumbrada diariamente na vida de cada cristão.

Nas palavras de Bonhoeffer (1937), não podemos dizer que “somente o crente é obediente”, sem completar também que “somente o obediente é crente”.

O exemplo mencionado por Bonhoeffer é o do jovem rico que se aproxima do Mestre e indaga sobre como fazer para ser salvo e a resposta de Jesus é resumida em obediência ao mandamento enérgico de se desfazer de seus bens e então segui-lo.

A questão que o jovem tentou levantar era uma forma de autojustificação pela incompreensão da salvação por meio do cumprimento dos mandamentos e ainda uma forma de começar uma discussão filosófica, ética e sem compromisso, mas quando ele foi surpreendido pelo chamado à obediência, encurralado, recuou por ser muito rico e apegado aos seus bens materiais. Mal sabia ele que vender os bens e doar aos pobres seria muito mais fácil do que o mandamento seguinte, de seguir os passos do Messias.

Concluo que a Fé genuína produz a obediência e a obediência é além de uma prova, uma porta que abrimos para vivermos um relacionamento íntimo e sincero com Deus, livre de qualquer espiritualidade barata e emocional, um caminho para a Vida Eterna que só Jesus concede e concede somente aos seus seguidores, chamados seus discípulos. 

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