Numa tentativa de compreendermos melhor o diálogo entre a fé
e a ciência vamos deixar de lado a interpretação literal da cosmologia
tradicional, como mitos de povos antigos tais como Enuma Elish dos
babilônicos e o livro de Gênesis dos hebreus.
A cosmologia moderna não poderia compreender a criação e
dialogar com a fé por ser ainda rudimentar e sem conseguir provar teorias por
falta de instrumentos acabou por ter a teologia como uma ferrenha opositora,
como nos casos de Galileu Galilei, condenado pela inquisição em 1633 e de
Charles Darwin, sendo apelidado de o Homem que matou Deus.
O que realmente aconteceu na origem do universo como o
conhecemos começou a ser revelado pelas descobertas de EdwinHubble e Georges Lemaître,
em 1920, compreendendo que está em expansão. Em 1964 a descoberta da radiação
de fundo das micro-ondas é uma nova evidência do Big Bang. Sua origem como uma
inimaginável concentração de matéria densa e em altíssima temperatura a ponto
de ao explodir espalhar uma quantidade incontável de matéria em mais de 100
Bilhões de Galáxias e dentre todos os ajuntamentos de matéria está o nosso
sistema solar.
A ideia de que o ser humano é a coroa da criação começou a
ser refutada com a queda do geocentrismo e a aceitação de que não somos o
centro do universo, mas por meio do princípio antrópico voltamos a considerar o
ser humano e a vida como fator decisivo para uma melhor compreensão da origem
do universo, sendo as leis que regem a nossa realidade, indispensáveis para a
manutenção da vida. Se não somos a razão do universo, mas mera casualidade,
como explicar, por exemplo, que se a força dos campos gravitacionais e do
eletromagnetismo, caso fossem alteradas para mais ou para menos,
impossibilitariam a existência de microrganismos? Chamamos essa teoria de
Desígnio Inteligente, diferentemente do criacionismo científico não distorce as
descobertas científicas e não faz a leitura literal dos mitos, mas enfatiza que
sem uma mente semelhante a nossa não seria possível uma sintonia tão fina.
Outra teoria que é dispensada é a de que Deus seria o responsável por tudo o
que a Ciência é incapaz de explicar. Essa teoria do Deus das Lacunas não deve
ser apoiada porque a Ciência está em constante evolução e sistematicamente irá
preencher essas lacunas e o máximo que essa teoria poderá revelar é um
argumento ateísta.
O Desígnio Inteligente por meio do Princípio
Antrópico é o melhor argumento para a Criação, uma vez que concilia e
a Teoria Darwiniana, que incontestavelmente, não contraria os escritos
sagrados, mas específica uma forma ordenada de evolução de um sistema criativo,
bem planejado e que não precisou de uma intervenção rotineira para que
acontecesse.
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