Muitas pessoas questionam a autenticidade da Bíblia, o Livro
Sagrado dos Cristãos, e os argumentos geralmente são a falibilidade humana e as
alterações tendenciosas feitas durante o processo de tradução dos manuscritos
hebraicos para os mais variados idiomas tais como o grego, latim, siríaco,
armênio, entre outros.
O processo de tradução, obviamente é complexo e exigiu a
disposição e tempo de homens capazes, bem instruídos e no caso da Septuaginta, raramente
encontrados nos séculos I aC., pois como se pode imaginar, a maior parte da
população era analfabeta e pouquíssimas pessoas possuíam os recursos
necessários para custear um processo de tradução.
Segundo conta a lenda judaico-cristã, a Septuaginta fora
encomendada pelo Rei Egípcio Ptolomeu II, que primeiramente obteve as traduções
da Torah e Tehilim, o livro de Salmos, feita na cidade de Alexandria, no Egito,
com a intenção de terem os escritos sagrados dos Judeus, em grego, na sua
biblioteca. Uma das possíveis razões para isso era o grande número de judeus
residentes na cidade de Alexandria.
O nome Septuaginta significa do Latim Setenta, segundo a
tradição porque fora traduzida por 72 rabinos, outra versão da história aponta
para apenas cinco tradutores e 70 membros do sinédrio que apenas aprovaram a
tradução.
Posteriormente, todos os demais livros dos judeus foram
traduzidos para o grego, traduções não tão boas como as produzidas em
Alexandria, mas foi concluída no século IV dC, a Septuaginta, o conjunto de
livros dos judeus traduzidos do hebraico para o grego ou produzidos diretamente
em grego como o caso de I e II Macabeus.
O nome Septuaginta surgiu após a conclusão da obra, do latim
Interpretatio septuaginta virorum, obviamente porque era a língua litúrgica da
Igreja Romana, mas em grego o nome é hē metáphrasis tōn hebdomēkonta, que
significa tradução dos setenta interpretes, abreviado normalmente como LXX.
No século XV, com a reforma protestante, o Canon Cristão
ficou dividido em dois modelos, sendo um composto por todos os livros da
Septuaginta e outro que, elaborado por Martinho Lutero, desconsiderou os livros
Judite, Tobias, I e II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc.
Atualmente críticos e historiadores avaliam a existência da
Septuaginta conforme conta a tradição e alguns a consideram apenas um mito, em
parte por não existir um fragmento e haverem apenas menções à sua estória de
origem. A Septuaginta como conhecemos seria datada apenas do II ao IV século
dC. No entanto, no Novo Testamento das 350 menções ao Antigo Testamento, ao
menos 300 se referem à versão Grega, como por exemplo, em Mateus 4:4 o uso do
vocábulo Deus, conforme a Septuaginta, ao invés de Senhor conforme a Torah ao
referir-se a Deuteronômio 8:3.
A diferença de determinados vocábulos acontece pelo limitado
conhecimento do grego koiné por parte dos tradutores, pela falta de um
correspondente com o significado exato do original ou pela impossibilidade da
compreensão de determinadas expressões por questões culturais como, por
exemplo, um indivíduo é chamado no hebraico de nefesh, que significa
literalmente garganta, mas que se compreende como o indivíduo pela crença de
que foi pela garganta que se recebeu o fôlego de vida, enquanto no grego a
palavra usada é psiché, alma, vida, pessoa, criatura.
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