7 de dez. de 2018

Um pouco da História da Septuaginta

Muitas pessoas questionam a autenticidade da Bíblia, o Livro Sagrado dos Cristãos, e os argumentos geralmente são a falibilidade humana e as alterações tendenciosas feitas durante o processo de tradução dos manuscritos hebraicos para os mais variados idiomas tais como o grego, latim, siríaco, armênio, entre outros.

O processo de tradução, obviamente é complexo e exigiu a disposição e tempo de homens capazes, bem instruídos e no caso da Septuaginta, raramente encontrados nos séculos I aC., pois como se pode imaginar, a maior parte da população era analfabeta e pouquíssimas pessoas possuíam os recursos necessários para custear um processo de tradução.

Segundo conta a lenda judaico-cristã, a Septuaginta fora encomendada pelo Rei Egípcio Ptolomeu II, que primeiramente obteve as traduções da Torah e Tehilim, o livro de Salmos, feita na cidade de Alexandria, no Egito, com a intenção de terem os escritos sagrados dos Judeus, em grego, na sua biblioteca. Uma das possíveis razões para isso era o grande número de judeus residentes na cidade de Alexandria.

O nome Septuaginta significa do Latim Setenta, segundo a tradição porque fora traduzida por 72 rabinos, outra versão da história aponta para apenas cinco tradutores e 70 membros do sinédrio que apenas aprovaram a tradução.

Posteriormente, todos os demais livros dos judeus foram traduzidos para o grego, traduções não tão boas como as produzidas em Alexandria, mas foi concluída no século IV dC, a Septuaginta, o conjunto de livros dos judeus traduzidos do hebraico para o grego ou produzidos diretamente em grego como o caso de I e II Macabeus. 

O nome Septuaginta surgiu após a conclusão da obra, do latim Interpretatio septuaginta virorum, obviamente porque era a língua litúrgica da Igreja Romana, mas em grego o nome é hē metáphrasis tōn hebdomēkonta, que significa tradução dos setenta interpretes, abreviado normalmente como LXX.

No século XV, com a reforma protestante, o Canon Cristão ficou dividido em dois modelos, sendo um composto por todos os livros da Septuaginta e outro que, elaborado por Martinho Lutero, desconsiderou os livros Judite, Tobias, I e II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc.

Atualmente críticos e historiadores avaliam a existência da Septuaginta conforme conta a tradição e alguns a consideram apenas um mito, em parte por não existir um fragmento e haverem apenas menções à sua estória de origem. A Septuaginta como conhecemos seria datada apenas do II ao IV século dC. No entanto, no Novo Testamento das 350 menções ao Antigo Testamento, ao menos 300 se referem à versão Grega, como por exemplo, em Mateus 4:4 o uso do vocábulo Deus, conforme a Septuaginta, ao invés de Senhor conforme a Torah ao referir-se a Deuteronômio 8:3.

A diferença de determinados vocábulos acontece pelo limitado conhecimento do grego koiné por parte dos tradutores, pela falta de um correspondente com o significado exato do original ou pela impossibilidade da compreensão de determinadas expressões por questões culturais como, por exemplo, um indivíduo é chamado no hebraico de nefesh, que significa literalmente garganta, mas que se compreende como o indivíduo pela crença de que foi pela garganta que se recebeu o fôlego de vida, enquanto no grego a palavra usada é psiché, alma, vida, pessoa, criatura.


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