3 de nov. de 2020

A importância da Teologia para os pastores

Para pastorear pessoas é fundamental estar habilitado, pois apenas vontade e amor não serão suficientes quando for necessário tomar decisões em momentos difíceis como, por exemplo, confrontar pessoas, situações de injustiça, erros de seus pares também pastores, entre outros posicionamentos que irão requerer autoridade e assertividade. 

Há situações no cotidiano que não permitirão voltar atrás, ignorar, não dizer nada, não aconselhar, se isentar, para tanto, estar preparado é fundamental no ministério pastoral. A práxis pastoral passa pela teologia que abarca as mais diversas abordagens possíveis e necessárias no preparo de líderes respeitáveis, relevantes, interessantes e consequentemente bem sucedidos em seus trabalhos. 

No momento de aconselhar os membros de sua comunidade que estão com problemas pessoais o pastor bem formado em teologia terá, por exemplo, conhecimentos sobre os estudos de Sigmund Freud e Viktor Frankl. 

Caso precise refletir sobre questões existencialistas poderá dialogar baseando-se no que aprendeu sobre Soren Kierkegaard e Martin Heidegger. 

O pastor que abraçou a teologia também conhece a história da Igreja, sabe bem sobre os erros e acertos dos pais da Igreja, por exemplo, as ideias de Irineu de Lion e Eusébio de Cesareia que fundamentaram a preeminência do Vaticano, ou ainda os acertos de Agostinho de Hipona ao resgatar o assunto da Graça Salvadora. Enfim, esse pastor ciente dificilmente será conduzido pelo caminho errado. 

A Teologia, por meio da exegese, oferece instrumentos para aprimorar a análise e compreensão dos textos bíblicos, oferece também conhecimentos sobre hermenêutica e conduzem o aspirante a pastor pela trilha para conseguir comunicar as verdades bíblicas de maneira clara, compreensível, correta e livre dos vícios de linguagem, da falta de reflexão, dos equívocos de interpretação, do anacronismo, entre tantos outros riscos que corremos ao aceitarmos a responsabilidade de fazer um sermão em uma de nossas comunidades. 

Porém, um ministério pastoral equipado e fortalecido por esta geração deve ter um fundamento bíblico e teológico adequado. A metodologia sem uma base adequada é perigosa e, em última análise, sem poder. Em outras palavras, seria melhor que entendêssemos a nossa identidade, antes de começarmos a lidar com o trabalho da Igreja e do ministério no mundo atual. Não nos atrevemos a estabelecer funções pastorais fundamentadas em modelos humanos, pois realizaremos pouco para Deus. (FISHER, 1999, p.8) 

A especialização para o pastor passa pela Teologia, pois não adiantará lançar-se ao desafio sem conhecer corretamente as escrituras e toda a compreensão dela ao longo de nossa história. Seria semelhante ao médico que ignorasse as mais recentes descobertas da medicina e ainda dependesse de tentativa e erro para descobrir quais as melhores práticas em sua função. 

Também não é apenas um trabalho de oratória, facilidade de falar em público, pois para falar com propriedade é necessário refletir e compreender assuntos complexos e saber quais foram as conclusões de homens capazes do passado, versados nos idiomas originais dos textos bíblicos. 

Estratégias de marketing não serão a base de nenhuma Igreja, pode ser útil como uma ferramenta, mas não será isso que definirá se uma Igreja é saudável, fiel e que “produz um bom fruto”, ou seja, relevante em nossa sociedade. 

É por conhecerem pouco sobre Teologia e consequentemente sobre a função pastoral que pastores despreparados cometem uma série de erros primários ao se importarem com questões que não são de sua responsabilidade, quando intervém, por exemplo, em decisões pessoais de membros de suas comunidades, quando exigem determinado padrão de vestimenta e até mesmo corte de cabelo e barba, comportando-se de maneira semelhante a ditadores de terras distantes. 

Sobre a falácia de que o conhecimento é prejudicial a fé, afirmo que ela vai contra todo o esforço evangelístico desde a Grande Comissão, acreditar por ignorância é uma prisão e sobre isso “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:31-32) O saber também não deve ser compreendido como soberba ou arrogância, citar bons teólogos do passado não deve ser visto com maus olhos, ao contrário, precisamos valorizar todo o desenvolvimento cristão nesses cerca de dois mil anos de labor teológico.

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