30 de out. de 2020

A Igreja e a Missão são inseparáveis

Somos a Igreja quando assumimos a responsabilidade confiada a nós como Igreja, tal como a perícope no Evangelho de Mateus, capítulo 28, versículo de 18 a 20: 

E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém! 

As últimas instruções de Jesus aos seus discípulos continuam sendo nossas últimas instruções e assim devemos proceder, anunciando as verdades sagradas por toda a Terra até o fim. Uma primeira observação é de que a compreensão da Grande Comissão esteve incorreta por um longo período de tempo enquanto se pensava que essa missão era estritamente transcultural, hoje temos a clareza de que mesmo no local onde estamos fixados, seja onde for, assim que nos tornamos Igreja, ou seja, parte do Corpo de Cristo, automaticamente estamos em meio a Missão. A questão é se vamos cumprir a missão ou não. 

Segundo Blauw (1966) a Igreja é testemunha de Cristo no mundo, ou então não será Igreja obediente a Cristo, trata-se da natureza missionária da Igreja, e isto deve ser feito sem ter como base os confins da Terra, sendo que o componente geográfico não é determinante para a Missão, esse foi um pensamento muito forte nos séculos XVIII e XIX. 

Compreendemos que o foco na missão transcultural teve e tem uma importância vital para a Igreja, precisamente, não podemos abandonar a missão transcultural, pois seria um novo erro, a Missão deve ser completa, a questão geográfica não deve ser vista como fator restritivo para a Missão, só assim será um componente legítimo. 

Existem muitos obstáculos para a Missão transcultural, tais como a opressão islâmica que não permite a conversão ao Cristianismo, ou ainda grupos radicais como Boko Haran que perseguem vilarejos cristãos na África Subsaariana, ateiam fogo em Igrejas e sequestram cristãos. Em países asiáticos é comum os governos restringirem a pregação do Evangelho, proibirem a leitura da Bíblia inteira ou parte dela, por motivos políticos via ideais do Comunismo Marxista ou por razões religiosas e culturais. 

Outra questão é o abandono das localidades onde a Igreja já está instalada, sem prestar qualquer auxílio à comunidade, não fazendo qualquer diferença em meio a suas atividades corriqueiras, repetitivas e sem impacto na sociedade. É um perigo muito grande a comunidade de fé estar à margem da sociedade, atribuindo para si um status de separada por ser sagrada, deixando de ser sal e luz, enfim deixando de ser a Igreja. 

Não importa se deixamos de atuar na missão no contexto local ou se deixamos de atuar nas missões transculturais. “Uma motivação baseada na autoproteção não nos conduzirá à Grande Comissão, mas sim a uma grande omissão (Borges, 2007)”. 

A princípio parece fácil a ação de fazer a diferença em sua cidade, seu bairro, local onde muitas pessoas te conhecem, mas a realidade é bem diferente, pois onde te conhecem também te julgarão pelo seu passado, podem inclusive não te respeitar por ações de antes de se posicionar como cristão, ou mesmo por ações quando já se apresentava como cristão, afinal de contas, não somos perfeitos. 

A falta de atenção na localidade ou um trabalho pouco relevante podem tornar um local outrora cheio de cristãos e de pessoas em recuperação num local sem qualquer fonte de esperança, compaixão ou acolhimento, um lugar sem fé, que dependerá novamente de uma missão transcultural vinda de longe para resgatar os valores e as virtudes cristãs. Seja na missão transcultural ou numa ação local, a verdade é que precisamos nos expor e isso é desconfortável, perigoso, desgastante, e ao mesmo tempo é o que nos faz sermos Igreja.

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